Visita a Dachau


Semana passada estivemos Tiago e eu em Munique, e não pensamos duas vezes sobre dar uma esticadinha até Dachau. Todo mundo sabe que, no triste e inaceitável evento da Segunda Guerra Mundial, Hitler e seus homens perseguiram os judeus e, quando não os matavam de imediato, os mandavam para os chamados Campos de Concentração, que abrigavam horríveis episódios de tortura, crueldade e matanças. Havia vários Campos de Concentração por todo o até então território alemão, e um deles foi feito na pequena cidade de Dachau, próxima a Munique, levando, portanto, o mesmo nome.

Há aqueles que podem pensar que ir até o Campo de Concentração em Dachau, é um programa pesado, ou inútil, ou até mesmo sem propósito. Eu concordo com a opção de ser um programa pesado, mas que definitivamente vale à pena. É pesado porque o visitante se vê frente a frente com o que sempre ouviu falar em aulas, livros e histórias. Tudo o que já se ouviu dizer sobre Holocausto é comprovado por placas explicativas espalhadas em todo o lugar, estruturas ainda conservadas, fotos e um museu com todas as informações sobre o que aconteceu por lá. E digo que vale à pena, principalmente para quem gosta de história, porque é um exemplo vivo da brutalidade humana com seus semelhantes e, ao reviver tudo isso com MUITO menos intensidade, mas com o clima presente, nota-se o quanto é inaceitável e repudiante uma repetição de tudo isso.

O Campo de Concentração de Dachau fica há alguns minutos de ônibus da estação de trem principal da cidade. Há um ônibus que leva os visitantes até lá, e ele percorre o mesmo caminho que as vítimas percorriam, a pé. Ele já teve boa parte de sua estrutura colocada abaixo, sobrando apenas um exemplar do dormitório-banheiro-refeitório dos prisioneiros (eram vários), torres de controle dos soldados Nazistas (onde ficavam armados e a postos, atirando em qualquer um que se aproximasse da cerca de arame farpado), valas (que também ajudavam a impedir a fuga), memoriais (dedicados a todos que ali morreram), igrejas e, o que achei pior de todos, os Crematórios (onde queimaram milhares de prisioneiros mortos) e a Câmara de Gás. A entrada é gratuita, a não ser que o visitante queira uma visita com guia ou orientação por áudio, em várias línguas. Nesse caso, basta pagar apenas 2 euros. Por lá há também uma livraria com vários títulos que ajudam a ilustrar o que houve por ali, inclusive histórias de Anne Frank (a história mais famosa do Holocausto) e sobreviventes, além de DVD's e revistas.

É realmente um prato cheio para quem gosta de história e sente curiosidade de tentar entender melhor o que ouvimos falar durante todas as nossas vidas. Tiago e eu saímos de lá reflexivos, imaginando o que aquele povo todo passou, e até onde um ser humano pode ser cruel, nos perguntando também como pode um lugar abrigar 22 mil pessoas, sendo que foi feito para receber apenas 6 mil,no máximo. Incomoda pensar que seres humanos viveram por anos nas piores condições de existência possível, e tudo por causa de apenas um homem que cismou que não poderiam haver mais diferenças no mundo. No mundo dele. Divido a opinião do meu pai, que diz que todo esse episódio foi a maior aberração da história. Só consegui sair de lá com ums frase no pensamento, que inclusive li em um dos memoriais: Para nunca esquecer.
E que nunca se repita.

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