Meu adeus momentâneo a Berlin...


3 meses... parece muita coisa, mas não quando vivemos intensamente esses 3 meses. Quando tirei meus pés do Brasil, pensei já cheia de saudades: "Ainda bem que me despedi de tudo direitinho, pois a partir de agora serão 3 MESES fora". E não é que esses 90 dias chegaram ao fim? Sem pensar. Sem sentir. Sem notar. Dizem que tudo que é bom acaba rápido. Pois é, até os ditados confirmam como minha estadia em Berlin foi maravilhosa.

Cheguei aqui assustada, sem saber por onde andar, para onde olhar e o que ouvir, já que escutava vários idiomas diferentes no mesmo metro quadrado. Se não fosse o Tiago ao meu lado, com sua experiência de segunda vez em Berlin, não teria saído nem do aeroporto. No auge da aflição, cheguei até a pensar "cadê meu Brasil?". Mas logo a linda e enriquecida Berlin me acalmou. Fiquei mais tranquila quando aprendi a andar de metrô, quando comecei a aprender meus caminhos diários de casa, da escola, do supermercado, dos meus pontos turísticos favoritos. Comecei a ler placas com maior facilidade e a identificar creme de leite mais rapidamente nas prateleiras. Aí quando notei, pedia informações em alemão e agradecia em alemão também, porém em Lisboa.

A história de Berlin me fascinou, bem como suas ruas sempre limpas e impecáveis, sua modernidade em contraste com o antigo, seus metrôs pontuais e sua segurança, nos permitindo andar tranquilos na rua altas horas da noite. Como era bom ter várias opções de programas, passear por lojas imensas de aparelhos eletrônicos com preços super acessíveis, e visitar restaurantes com cozinhas do mundo inteiro. Adorava passear aos sábados à tarde com o Tiago, me surpreendendo cada vez que via o Portão de Brandemburgo (meu amor de portão), ficando de queixo caído toda vez que via o Reichstag e me encantando com a Fernsehturm. Adorava ir pra aula e ver gente do mundo todo, além de aprender mais e mais o alemão. Era sempre uma delícia comer comida mongol e nos divertir com os vários estilos de pessoas pelas ruas.

Aprendi a ter Berlin como minha cidade também, e será difícil ir embora. Acabamos acostumando com os lugares, mas a vida continua, nos obrigando a seguir em frente. Mas fica o conforto no coração de saber que ela vai continuar aqui, sempre linda e cada dia melhor, para nos receber de braços abertos, igual fez agora. É por isso que eu digo, é um adeus momentâneo. Vou voltar qualquer dia, Tiago e eu, cheios de saudades, buscando em cada pedacinho dela as emoções que sentimos dessa vez, e que vão ficar em nossas memórias, nas nossas fotos e nos cheiros que cada cidade tem, mas que só são identificados por quem já viveu intensamente em qualquer uma delas.

Obrigada, Berlin. Até a volta =)

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Visita a Dachau


Semana passada estivemos Tiago e eu em Munique, e não pensamos duas vezes sobre dar uma esticadinha até Dachau. Todo mundo sabe que, no triste e inaceitável evento da Segunda Guerra Mundial, Hitler e seus homens perseguiram os judeus e, quando não os matavam de imediato, os mandavam para os chamados Campos de Concentração, que abrigavam horríveis episódios de tortura, crueldade e matanças. Havia vários Campos de Concentração por todo o até então território alemão, e um deles foi feito na pequena cidade de Dachau, próxima a Munique, levando, portanto, o mesmo nome.

Há aqueles que podem pensar que ir até o Campo de Concentração em Dachau, é um programa pesado, ou inútil, ou até mesmo sem propósito. Eu concordo com a opção de ser um programa pesado, mas que definitivamente vale à pena. É pesado porque o visitante se vê frente a frente com o que sempre ouviu falar em aulas, livros e histórias. Tudo o que já se ouviu dizer sobre Holocausto é comprovado por placas explicativas espalhadas em todo o lugar, estruturas ainda conservadas, fotos e um museu com todas as informações sobre o que aconteceu por lá. E digo que vale à pena, principalmente para quem gosta de história, porque é um exemplo vivo da brutalidade humana com seus semelhantes e, ao reviver tudo isso com MUITO menos intensidade, mas com o clima presente, nota-se o quanto é inaceitável e repudiante uma repetição de tudo isso.

O Campo de Concentração de Dachau fica há alguns minutos de ônibus da estação de trem principal da cidade. Há um ônibus que leva os visitantes até lá, e ele percorre o mesmo caminho que as vítimas percorriam, a pé. Ele já teve boa parte de sua estrutura colocada abaixo, sobrando apenas um exemplar do dormitório-banheiro-refeitório dos prisioneiros (eram vários), torres de controle dos soldados Nazistas (onde ficavam armados e a postos, atirando em qualquer um que se aproximasse da cerca de arame farpado), valas (que também ajudavam a impedir a fuga), memoriais (dedicados a todos que ali morreram), igrejas e, o que achei pior de todos, os Crematórios (onde queimaram milhares de prisioneiros mortos) e a Câmara de Gás. A entrada é gratuita, a não ser que o visitante queira uma visita com guia ou orientação por áudio, em várias línguas. Nesse caso, basta pagar apenas 2 euros. Por lá há também uma livraria com vários títulos que ajudam a ilustrar o que houve por ali, inclusive histórias de Anne Frank (a história mais famosa do Holocausto) e sobreviventes, além de DVD's e revistas.

É realmente um prato cheio para quem gosta de história e sente curiosidade de tentar entender melhor o que ouvimos falar durante todas as nossas vidas. Tiago e eu saímos de lá reflexivos, imaginando o que aquele povo todo passou, e até onde um ser humano pode ser cruel, nos perguntando também como pode um lugar abrigar 22 mil pessoas, sendo que foi feito para receber apenas 6 mil,no máximo. Incomoda pensar que seres humanos viveram por anos nas piores condições de existência possível, e tudo por causa de apenas um homem que cismou que não poderiam haver mais diferenças no mundo. No mundo dele. Divido a opinião do meu pai, que diz que todo esse episódio foi a maior aberração da história. Só consegui sair de lá com ums frase no pensamento, que inclusive li em um dos memoriais: Para nunca esquecer.
E que nunca se repita.

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Novo artigo para Sair do Brasil


Pessoal, escrevi uma matéria para o site Sair do Brasil, sobre o Natal em Berlin!
Para quem quiser conferir, o endereço é:

www.sairdobrasil.com.br

Abraços e até a próxima!!

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